lugar-comum.

caleidoscopicamente existindo.

(é proibido proibir.)

sábado, julho 28

vou-me coisar.
livia bluebird, 8:29 AM | 2 comments

sexta-feira, julho 27

eu posso estranhar o mundo tal como ele é, posso estranhar formas como as pessoas costumam se relacionar, estranhar como esse formato de vida normal que conhecemos é baseado na repressão. estranhar a educação não ser a maior preocupação atual. não achando que preocupações ambientais, bastante em voga, sejam menos importantes, mas estranhando como a educação vai ficando sempre em planos desfavoráveis. não querem nos ver pensar. nos dão placas de como agir de como não agir.. e eu acho estranho. acho estranho minha não-ocupação condizer com minha personalidade. estranho as boas maneiras serem realmente as boas maneiras e as más serem assim chamadas. estranhar esse sonho americano-brasileiro, essa felicidade que está sempre à venda. estranhar certas proibições e outras certas legalizações. estranhar como as coisas ao redor perdem a alma pelo meio do caminho e que a maioria das pessoas nem se dá conta disso. eu posso estranhar o mundo tal como ele é, mas tento me manter coerente ao que sinto e isso parece discurso de um covarde, sei lá! o que sei é que passar vintidois anos aguentando isso e mais outro isso é a coisa mais estranha que existe e já está dando no saco. falei.
livia bluebird, 1:46 AM | 0 comments

sexta-feira, julho 13

sentada eu fui. procurei coisas, mesmo sabendo da inconstância das nuvens, eu sempre procuro coisas. achei uma provável cabeça de coelho no corpo de um dinossauro numa dessas cinzas, negras e pensei que talvez uma chuva daqui uns instantes. ou dali, que falo doutro tempo. os fios me cortavam o caminho. os pássaros neles em cantoria feito guerra, quem canta melhor. ou melhor, as guerras são nossas. os pássaros fazem música em harmonia, fazem ninho e os homens fazem um ensopado disso tudo. o dia se indo e levando luz e levando as pessoas de volta para casa, era fim de expediente - os pássaros cantavam despedida. morcegos atordoados no céu indeciso se claro ou escuro, chutei 6 da tarde. ou seria da noite, sei lá. os restos de sol horizando, só para registrar a melancolia de um fim de tarde. mas isso é apenas uma idéia, são apenas idéias. melancolias, coelhos, músicas, homens, coisas. idéias bípedes, quadrúpedes, idéias sóbrias, idéias coloridas, mutantes, mutadas. idéias multadas na contramão. idéias doentes, doloridas, contaminadas. pequenas, gordas, mancas, miseráveis idéias. de fogo, de água, de lua, de noite, de cama. na cama de noite, idéias sussurradas. depois a idéia de um gozo e o gozo pessoalmente. a idéia de um novo dia e novo dia fugindo da idéia. não uso parágrafos pois tenho a idéia de uma ruptura neles, coisa que não há na fonte, de onde jorram idéias grávidas, feito coelha. mas parir dói, vocês sentem? enquanto isso, todo aquele outro isso tudo. zecabaleirando até os ouvidos parecerem dormentes de tanta música que lhes foram inseridas, pois meu pássaro agora é outro. desconheço a temática deste texto, mas totalmente aceitável, desconheço a própria de minhas idéias - mutantes e mutadas. idéias no couro da alfaia, no som de um surdo, idéias de um maracatu, onde loa me diz o que não entendo. hoje, uma sexta feira, quero como se fosse pra ontem o que ainda talvez nem seja para amanhã, aí eu penso que o problema todo é esse querer impaciente. e que problema maior é essa mania de procurar um problema-explicação para todo esse problema-problema. mas que problema? já eu durmo e dormir é uma benção. costumava dizer que acordar também, mas hoje, numa sexta-feira, eu não sei se acordar também. vamos pra babylon e fazer que nem dizem por ai. isso de querer muito funde a cuca alheia e a nossa também. os quereres, não fosse uma boa música, seriam uma merda. já disse uma vez e talvez eu diga outras dez, quando não se tem para onde ir, qualquer lugar é um bom lugar. viver desejando coisas para mais tarde é deixar de viver por enquanto. esperando o mais tarde as rugas visitam-nos. e aí, com pés de galinha nos pisando os olhos, haveremos de chorar, pois desejando não coisas para mais tarde, mas para o passado. e o passado em nossa cabeça é só mais uma idéia do que aconteceu e ela é quase sempre doloridamente reduzida. idéias pálidas, idéias lívias, idéias grávidas de outras idéias grávidas. e parir dói demais. mas não pense que acabou, eu estou apenas de licença, a barriga dizendo o fim dos meses, o céu dizendo o fim do dia, é fim de expediente e eu não faço hora extra. a chuva que não veio levou meu pedaço de coelho e os homens fizeram um ensopado disso tudo. e o sentido que procurem por aí, sob a luz dos faróis que já se anunciam.
livia bluebird, 11:36 PM | 5 comments

quarta-feira, julho 4

a frase que foi dita foi também perdida. a melhor frase desde o início - já havendo muita coisa, era o final. a melhor frase se transformou apenas em alguma coisa sem sentido. o melhor momento de dizê-la não houve. não houve também ânimo de maiores explicações. nem menores, na verdade. arrependimento, não houvesse dito, ainda seria uma boa frase. contar piada e ter que explicar é pedir risos por piedade. explicar a melhor frase é indigno ou uma melhor palavra para isso. caiu vulnerável e calou-se incompreendida. o que defendia ficou sem razão. resolveu, então, parar de uma vez por todas de tentar explicar por onde o papai colocou o diabo das sementinhas na barriga da mamãe. inibida diante daquele ser ainda miúdo, procurou a fuga no livro mais colorido. sabia que o vermelho da capa era melhor que qualquer palavra. ainda assim, leu o conto de fadas cheio de frases banais e viveram felizes para sempre. pois é, era uma vez.
livia bluebird, 2:34 AM | 4 comments