lugar-comum.

caleidoscopicamente existindo.

(é proibido proibir.)

domingo, novembro 20

não sei porque se esquivam tanto do clichê. mal sabem que na miserável busca pela autenticidade estão sendo tão iguais. somos os mesmos, temos os mesmos vícios, mesmas fraquezas e virtudes. somos apenas oscilações de sentimentos. alguns com mais frequência, outros já mais resistentes, mas todos tão iguais.
livia bluebird, 1:47 PM | 5 comments

sábado, novembro 19

o post das palavras - porque eu acho que é o que acontece no exato momento de apatia.

as palavras são ingênuas demais para expressar a minha sagacidade, são belas para expressar minha fúria, são grandes demais para explicar um pouco minha mediocridade, são pálidas para os meus tons quentes, são rasas para tamanha intensidade, simples para a complexidade, mortas demais para o que pulsa. são vivas para meus pensamentos suicídas, sagazes para minha ingenuidade, são coloridas para o dia cinza, são profundas para minha futilidade, são complexas para minha simplicidade. são assim, nunca a perfeita. e ela existe? nunca, quando em um estado, as palavras são suficientes. nunca bastam, nem ao menos se aproximam do que parece ser a verdade. aquela que eu criei. talvez num dia sem pretensão, quem sabe. ok, vou dormir.

esse querer e não conseguir, querer e não ter, querer e não querer. isso de apenas assistir sua vida. de não ter força pra defender o que é seu: você mesmo. porque eu acho que é tudo que está acontecendo agora.
livia bluebird, 2:51 AM | 2 comments

terça-feira, novembro 15

"se ficar triste, bato em você"

como contrariar? :)
livia bluebird, 11:02 PM | 2 comments

domingo, novembro 13

e até os planos e as promessas haviam sido destruídos pela tediosa rotina. estava naquele dia em que descobre que tudo o que acreditava ser era, na verdade, uma doce ilusão. estava naquele dia do encontro com a realidade, no dia em que vê que o mundo é realmente dos que não esperam nada dele. no dia que se envergonha de toda a sua vida de feia na vitrine, sonhando e desejando. estava nesse dia e viu que tudo que pensava saber na verdade não se aplicava a nada na vida aqui fora. não sabia mais para que lado dar o passo. ter certeza de alguma coisa seria pretensioso demais para aquele dia e ela sabia disso. então resolveu ir ver o homem que passa o dia sentado no banco, ao menos saberia que ele estaria ali. não era grande coisa, mas pelo menos poderia ser chamado de certeza. e realmente, a única certeza agora era a de que ele sempre estaria ali, sentado no banco do ponto de ônibus. ele sim era uma constante, sempre lá, na dúvida se vai ou se fica. mal sabe ela de sua certeza sustentada na dúvida, tão incerto quanto a incerteza. mas tinha certeza, então havia de ir até o banco. avistou o senhor de longe e se sentiu mais uma vez com o controle das coisas. já esboçava um sorriso quando um ônibus parou no ponto e empatou sua visão da certeza. esperou que partisse para novamente encarar o controle de sua vida. foi questão de segundos, mas foi o suficiente para destruir tudo: o banco estava vazio.
livia bluebird, 7:52 PM | 2 comments

domingo, novembro 6

me emocionei ao ver um yorkshire dormindo tranquilamente sem saber que seu leito, na verdade, era vitrine. dormia sem saber ser olhado e desejado como um produto apenas. mais acima havia uma etiqueta com o preço, o seu preço, o quanto acham que vale. aquela vida linda, definitivamente, um produto apenas. foi de encher os olhos.
livia bluebird, 12:29 PM | 5 comments
quando criança eu tinha o dia todo para brincar. ia para a escola brincando, se chorava era consequência de alguma brincadeira, se sorria, mais ainda. o tempo todo ao meu lado, de braços cruzados me vendo espalhar os brinquedos pela casa. um ano era uma eternidade, tanto tempo que eu nem ousava entender ao certo quanto era ou quando acabaria. eu apenas não pensava nisso. aí eu fui crescendo e eu aprendi a ler. os caminhos pareciam mais curtos agora que eu sabia o que diziam as placas. eu lembro de criticar, aos seis anos de idade, outdoors mal escritos. depois eu aprendi a matemática e a ciências e tudo ao meu redor agora tinha uma explicação. nada do que via passava despercebido sem que eu esboçasse alguma dúvida ou constatação. e por essas alturas um ano já significava trezentos e tantos dias. é muito, mas a mamãe diz que o tempo tá correndo, então acreditei, é mamãe quem diz. lembro que fiz belas amizades, tinha quatro bons amigos e uma era até de fora. lembro que ela iria embora no final do ano, ela iria embora no final desses trezentos e tantos dias. lembro também que a gente tava jogando bola na parte lateral da escolinha quando o tempo parou de sorrir, descruzou os braços e começou a correr. e então ela foi embora. era natal e ano que vem eu iria para um colégio grande, um colégio super grande, um colégio com tantas pessoas que eu não iria conseguir encontrar bons amigos entre a confusão. mas fui, mamãe queria, então eu fui. lá eu tinha o triplo de matérias para decorar, eu não gostava de ninguém da minha sala, eu tinha medo dos professores, e eram tantos!, mas tudo bem, a vida é realmente assim, eu vi no jornal na parte de trás da capa que viver é realmente estar em conflito com sua rotina, o jornal dizia então havia de ser verdade. agora eu entendia, mas pelo menos o ano estava passando ligeiro. saiu ano e entrou ano e eu tinha alguns coleguinhas. na água eu só recebia elogios e eu sempre conseguia passar para a turma mais velha, agora a piscina que eu competia era a tão temida piscina dos grandes. a piscina era realmente o mundo e o professor então disse que eu precisava melhorar a minha respiração. mas que nada, eu tinha mesmo era que ir pra casa e fazer o trabalho pra amanhã. eu fiz algumas amizades e eu jogava bola com a maioria delas, mas teve um dia que elas não quiseram mais, apenas não. foi nesse exato dia que eu percebi que eu não estava acompanhando o tempo, mas era a vida, havia de ser chata assim, tinha no jornal. por essas alturas eu nem sei o que tinha lido no jornal anos antes, só sei que devia aceitar, porque no jornal... e os trezentos e tantos dias agora não davam pra nada. e o pior de tudo é que se aproximava um monstro chamado vestibular. sim, era assim que eu encarava esta coisa, até mesmo antes de entender o que era. sabia apenas que todos temiam e decidi que deveria temer também ou apanharia de toda a sociedade. a piscina se tornou pequena, as aulas repetitivas, tudo era um saco. agora a única coisa que realmente me interessava era dormir. fui pra casa dormir. o tempo estava realmente passando e eu queria dormir. e o tempo realmente passou. e eu enlouqueci diante desta coisa vista como monstro em outros tempos e o fim do ano.. cuidado, que o fim do ano está bem pertinho. ouvi isso o ano inteiro. correu, correu e ainda continua. não sei o que significa viver intensamente para as pessoas, mas acredito que o tempo passa correndo para essas também, porque de tudo que eu não entendo na vida, uma pelo menos eu tenho certeza ainda que não saiba exatamente o porquê: foi o tempo que se fez inimigo.
livia bluebird, 9:48 AM | 4 comments

quinta-feira, novembro 3

escrevi uns tópicos no meu bloquinho há uns dias. eram palavras soltas apenas pra lembrar de encaixar tais coisas em um texto quando chegasse em casa. mas aí eu esqueci e achei hoje e hoje muito coisa já se perdeu mesmo que os tópicos estejam alí me forçando a memória. eu poderia escrever milhões de vezes as mesmas coisas, nenhuma delas sairia parecido com aquilo que eu tinha em mente no exato momento que fiz as anotações no bloquinho. aliás, quando fiz os tópicos já estava reduzido ao máximo do que realmente queria. então prefiro nem tentar, prefiro nem prendê-las em palavras, prefiro não moldá-las à minha noção de melhor maneira. mesmo porque eu nunca consegui fazer algo que no final eu dissesse: é, é essa a melhor maneira. então fico aqui com meus tópicos só para não esquecer do dia em que pensei assim e que quis fazer um texto sobre, um texto que no momento parecia ser o melhor texto que ninguém jamais pensou em escrever e era o texto com o assunto mais banal que eu consigo imaginar. vida. era apenas isso, era apenas pra dizer como isso tudo é a vida e como isso tudo que a gente tenta se esquivar é o viver! e como a gente é medroso a toa, pois se todo o caminho é um campo minado, que venha a explosão e como o doer não pode ser separado em momento algum da vida de nada, muito menor do sorrir. é parte. no dia parecia ter tanto sentido, ainda faz, mas no dia parecia que eu era a única pessoa que tinha aquilo em mente. e é tão estranho falar isso em voz alta embora eu não esteja falando. mas tudo que eu queria falar de verdade era sobre um menino no parapeito que não sabe se chora ou se pula de uma vez justamente por não ver sentido nessas coisas absurdas.
livia bluebird, 10:36 PM | 4 comments