lugar-comum.

caleidoscopicamente existindo.

(é proibido proibir.)

sexta-feira, janeiro 20

eu tenho que dizer que sou. preciso, eu sou e pronto. não importa o que, apenas isso. sou e apenas na mesma frase poderia ser se auto-flagelar demais, mas não é. nunca me disseram o quanto eu deveria ser, então eu venho apenas sendo esse tempo todinho e falo que isso tem me bastado e tenho quase certeza que não é mentira. é que às vezes minto, invento coisas, mas é pra manter a minha criatividade aquecida, sabe?, no mais eu sou e pronto. também nunca me disseram aonde isso vai dar, o que veria pela frente, por isso ainda que continuou apenas sendo. sou como posso e se não posso não sou. não me leve a mal, é que me criei assim, essa mistura de medo com milhares de outras coisas. mas talvez nem seja isso, acho mesmo é que já reconheço aqueles rostos sofridos dos meus limites. então, quando não posso, repito, não sou. aí teve essa vez, essa única vez que perceberam a minha inteligência. eu falei algo sobre os três últimos anos do colégio que eu estudei nas férias por causa de notas baixas e a pessoa rebateu, a pessoa teve que apontar porque minha inteligência era algo por mim desconhecido. e ela apontou na direção certa porque foi bem lá. falou que minha inteligência não era dos livros, era da vida. e foi tão certo isso que disse que se não fosse mesmo assim me transformaria, porque uma pontaria tão certeira dessa não poderia ficar sem alvo. e lá fui eu com uma maçã na cabeça, inteligente da vida. eu tinha que falar algo de efeito e pensei em alguns livros, mas não lembrei de nada legal. mas era da vida, nada de livros. então aquietei os impulsos, calei o pensamento e permaneci em silêncio, pois qualquer um de nós, inteligentes da vida de sangue nas veias, sabe que para a vida as palavras são muito poucas, são pequenas, a vida se auto-explica no silêncio que é a medida ideal: nem pequeno, nem grande e nem infinito, mas eterno enquanto silêncio como a vida enquanto vida. e dia após dia ela se explica e apesar de muitos dizerem como ela deve ser e falarem com mestria sobre o certo e o errado, a vida apenas é, pois, repito, a vida assim, apenas sendo, é maior que as palavras. a vida é, é e pronto.
livia bluebird, 8:21 AM | 2 comments

terça-feira, janeiro 10

sentada na calçada fedida, me encontrei na poça suja que a chuva havia colocado na minha frente. meu rosto deformado pela dança da água que ameaçava ir embora pelo cantinho da rua. que fosse! pois que fosse! e que me levasse também, que por essas alturas não sabia mais qual era real, não sabia mais qual dos dois rostos era reflexo, porque ali, bem ali no chão molhado, no chão sujo e asqueroso, me pareceu o exato lugar onde eu me esconderia a essa hora da madrugada, a roupa mais molhada que a chuva e fora de casa por algum motivo que meu quarto hoje não sanaria. o bairro onde as coisas costumam acontecer, o bairro mais sujo dessa madrugada, a poça mais desviada pelas pessoas de todas hoje era a minha casa. sou desesperadamente exagerada para não gritar, e você que venha aqui jogar uma pedra em mim e ter sete anos de azar.
livia bluebird, 3:07 PM | 2 comments

quinta-feira, janeiro 5

aviso logo de antemão: tô postando com sono, acho que só vai sair merda.

a gente chora, a gente ri, a gente acorda atordoado e com a vista embassada, a gente perde amigo, parente, e se perder naquele momento é a melhor idéia que surge na mente. a gente se sente bem, se sente bobo, fica bêbado, fica louco. a gente senta no degrau e assiste a vida passar, depois pula dentro dela pra depois querer se afastar. a gente se esconde na primeira sombra, a gente chora baixinho, mas queria mesmo era se divertir como aquele menino alí. a gente faz promessas e não cumpre, a gente quer saber e não quer que pergunte. a gente quer isso, mas não sabe se tem certeza. a gente quer ser bonito, mas acha fútil o culto à beleza. a gente vai dormindo e acordando e tentando ficar legal. a gente anda, corre e perde a hora, a gente fica com raiva e vai embora. a gente tudo isso e nem percebe que isso é apenas o que tem, o que a gente tem. a própria vida é tudo que a gente tem e a gente não sabe disso também. mas a gente quer e se não tem a gente chora e enquanto isso o tudo isso acontece, enquanto isso o faustão vai continuar falando merda todo domingo, a quica vai continuar caçando calango, o bigode do belchior vai ser sempre preto mesmo depois que tiver ido, a clarah averbuck vai sempre falar do seu umbigo, o arturo bandini vai ser um eterno apaixonado pela camilla lopez, o passado vai ser sempre uma roupa que não nos serve mais, a marília vai ser uma eterna alma de poeta lilás, eu vou sempre ter saudade da aninha, a mamãe vai sempre jogar paciência, a clarice vai continuar sendo palmeirense e meu irmão também, você vai sempre envelhecer enquanto dorme e na rua sempre vai ter um cachorro. mas e daí?, ano passado eu morri mas esse ano eu não morro. e butterfly, qual é mesmo o seu nome? e quem souber das citações que venha aqui dividir comigo uma boa música.
livia bluebird, 12:59 AM | 10 comments

segunda-feira, janeiro 2

- tô tão bem que tô com medo.
- de que logo passe?
- de ser tudo invenção minha..
- tu é tão mentirosa assim?
livia bluebird, 2:04 PM | 4 comments