lugar-comum.

pneu ana

meu sentido não tem mapa, ele percorre o todo que houver. então sorrio. pessoas que nunca vi, pessoas que vi e gostei, insetos, pessoas que verei, árvores, nuvens, calçadas, música. por que devo não esboçar meu carinho por tudo que me cerca, quando eles estão alí, compondo o meu universo? e ainda mais, não compondo apenas o meu, mas todo esse multiverso onde flutuamos? quando concebo e sinto o infinito, fica difícil voltar atrás, é tudo uma possibilidade. pessoas indiferentes são, naturalmente, sem graça. elas não têm a graça da vida dentro de si. mas eu, sinceramente, não sei identifica-las de começo e às vezes nem de meio também. e nem quero, enquanto o mundo for, procurarei a graça em tudo que me encontre, nelas e noutras, na grama que me deleita, na música sob as árvores, conversas livres, ainda que numa tarde atarefada, nas reprimendas, nas assimetrias também, no inseto que se demora com prazer sobre mim, nos olhares em tie dye, nas ladeiras sem freios, aqui e noutros estados, estados alterados da consciência. a vida, o tempo todo se anuncia, mas, mesmos vivos, não sentimos. quando paramos, celebramos, quando experimentamos o sentimento do belo, a vida nos altera. e é um inesperado caminho sem volta. sem hesitações, é um encantamento infinito. então, diante e entregue a esta amplidão, só me resta sorrir. sorrir e buscar a graça no todo que houver. sejamos peregrinos. e isso pode significar ir muito além sem sair do lugar. e sem mapa, que se perder é também se encontrar.

a vida inteira, a vida plurificada.