lucy in the sky with diamonds, anuncia a parede. e os ouvidos sentem o que for de sentir e escutam o que for de ouvir e eu aqui nesses dias, nesses meus dias de trinta horas. cebolas aos olhos e borboletas brincando de não pousar por aqui em mim, no mim de dentro com borboletas de vento. eu poderia não fazer sentido nunca mais, só porque é mais fácil e eu gosto dos curtos prazos. eu poderia também dar o passo além janela do oitavo andar, só para escutar meu encontro com o concreto e responder aos curiosos aflitos, embora tenham seus palpites. no caminho da certeza, à janela do quarto andar, uma moça me deu a mão e seus olhos de caleidoscópio miraram-me. giramos e cores poligonais ao meu encontro e eu deixei de saber e nem sequer escutei. fui, voltei, não sei. meu sorriso de veludo e meu leão perdido em alguma coisa que nunca se esclareceu. a pessoa sorrindo não precisa saber de muita coisa, ela se basta com a dor gostosa nas bochechas. avião de papel não cai, rodopia - aquelas nossas brincadeiras com jornal velho. hoje me viro com jornal do dia e hoje o dia está estranho, essas luzes me encandeiam e entontecida percebo que já estou atrasada para o fim do ano. dezembro todo é como um fim de tarde. o ônibus na minha frente me deseja um feliz natal e me diz que todo o shopping está em promoção. eu acredito, afinal não é todo dia que um ônibus é de exclamações. eu da minha janela, embriagada dessa melancolia clichê, desejo feliz natal a quem for dos festejos. aos demais, colem seus ouvidos na parede, que as estrelas já se anunciam como diamantes. talvez eu precise acordar de vez em quando.
livia bluebird, 10:45 PM
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e, bom. sonhar é sempre legal quando a realidade tá uma merda. mas a realidade ruim tem que ser a causa, não a consequência. :D