agora eu vou contar a história do josé. o josé tem doze dentes na boca, um bicho-de-pé e um amor. três desses dentes doem e os outros são escuros. o bicho-de-pé incomoda o dia todo. o amor do zé (como todo bom josé ele também é assim chamado), fugiu com o dono da única venda da região. ele não reclama de dor de dente, nem de dor do pé, nem de dor do coração. o zé sorri. quando passa todos o cumprimentam. batarde cumpade zé!, já tá de pé, homi! ele ficou conhecido por ali depois que seu amor.. você sabe. o josé é aquele legítimo interiorano, homem bom e simples de coração. na vizinhança moram os interioramos fajutos, aqueles metidos à muita merda, aqueles que respondem até pra quem não pergunta: eu sou é da cidade! eu nem queria tocar no assunto, mas o amor do zé era assim também. quando o zé passa todos o cumprimentam, mas cumprimentar não significa amizade. na verdade eles acham tão bobo aquele zé! mas não usam a palavra bobo, é outra bem ofensiva e bem regional que eu não me recordo agora. o zé vai trabalhar enquanto os outros conversam em português errado fazendo pose de coronel. todos infelizes, negando suas próprias vidas, escondendo as unhas sujas de barro. o zé mais na frente cortando carnaúba, suado e cansado. sorri e pensa alto: tão bobo que é aquele pessoal vivendo tudo errado! e foi exatamente essa a palavra que ele usou. o zé vem mensalmente à cidade nos presentear com frutas e cochilar na área daqui de casa depois de elogiar o feijão. ao fim do dia ele vai embora deixando bem claro que já está com saudade de sua terrinha. ele acena até dobrar a rua e a gente tem certeza que ele sorri.
livia bluebird, 12:00 AM
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e eu quero ver o texto da menina de doze anos. tu viu que tem um dos concursos que o tema é infância, né? (:
se não nos encontrarmos no msn hoje, me manda por e-mail?
pro hotmail mesmo, eu abro sempre.