lugar-comum.

caleidoscopicamente existindo.

(é proibido proibir.)

domingo, junho 11

lembro uma vez de perceber um objeto que sabia ser antigo, mas que nunca o tinha visto alí naquela estante. eu passava todos os dias em frente a estante. hoje eu tenho esses vinte anos e não sei, sinto que perdi muita coisa. me sinto velha no auge da juventude, a mesma de minha mãe quando ela tinha o cabelo ao vento, um cigarro dos dedos à boca e um carro para viajar, ela me mostra as fotos. e essa, mãe, onde foi? mas eu não sei. às pressas pra pegar o último ônibus do dia e voltar pra casa, me percebi cansada do meu jeito sem jeito, desse pouco tempo permitido. e eu chorei. não era pra você me ver chorando, mas eu chorei. nada saiu como previ, mas eu nunca esperei que eu realmente acertasse alguma coisa. não quero ser correndo, eu não sei ser na pressa, apenas não me peça. apesar de achar que estou perdendo muito, a correria não me convém. meu quarto parece fazer mais sentido agora. aqui o meu ritmo não soa ridículo aos olhos da maioria. o objeto que falei era um jesus cristo de gesso, mas não faz mais diferença agora, a casa já está vazia e o que tenho é apenas uma lembrança. espero o caminhão para fazer a minha mudança, vou mudar de olhar, encarar o sol. vou atravessar a rua e procurar a calçada onde parei. vou fazer todo o percurso de volta e me achar pelo caminho. eu poderia ir voando, mas vou a pé por precaução.
livia bluebird, 12:56 AM | 2 comments

2 Comments:

Do texto todo, o que me chamou atenção foi isso aqui:

"vou fazer todo o percurso de volta e me achar pelo caminho. eu poderia ir voando, mas vou a pé por precaução."

Perfeito.
Anonymous Anônimo, at 25/6/06 12:38 PM  
poeta!

=]

precisa mais?

;*
Anonymous Anônimo, at 14/8/06 4:45 PM  

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