lugar-comum.

caleidoscopicamente existindo.

(é proibido proibir.)

sábado, abril 29

ela foi mesmo só por educação, puxou qualquer assunto só por educação também e tinha certeza desse seu único motivo que ainda lhe fazia presente por ali. lá pelo meio da conversa se percebeu ainda sem jeito, como naqueles tempos dos dias passados. ainda estava apaixonada, e como não? não sabia como não, mas do sim, esse ela sempre soube - e não é a mesma coisa. nem pensava mais naquela educação, por certo, a única coisa que restara de todo o sentido que antes fazia. aliás, educação já não existia mais. realmente ainda estava apaixonada e não lhe interessavam aquelas perguntas impessoais que a formalidade lhe obrigavam a fazer e responder. ela estava apaixonada e isso lhe exigia um drama. ah, mas tinha que falar e chorar se for pra chorar, porque a ordem é dramatizar, já que todo grande amor mal resolvido só é um grande amor mal resolvido se tiver, por baixo, uma cena bem dramática. brigaram - é o que costuma acontecer nesses contextos. foi embora já que não estava sendo levada a sério, havia perdido aquela razão que jurava ser sua. sabia que outros nossos sempre vêem, sabia racionalmente de tudo, entendia o amor como ninguém e nem se sentia mais e nem menos brega por isso, mesmo sabendo que silenciosamente todos são. embalada por uma raiva infinita, só adormeceu quando, desesperadamente, se convenceu que era maior que tudo isso. foi um acordo nas pressas, mas precisava aquietar a cabeça para conseguir dormir que cedo levantava. acordou de cabeça fria e com o entendimento geral do acontecimento. tinha certeza de uma coisa apenas: a partir de agora - olhou no relógio para dar seriedade à fatídica promessa - sem mais delongas, só iria cumprimentá-lo por mera educação!, porque como já é sabido, educação é o único motivo que ainda lhe fazia presente por ali.
livia bluebird, 1:13 AM | 5 comments

5 Comments:

pelo que vc escreve eu te diria pelo que eu canto. e só vc veria sentido, mesmo quando não visse, mesmo quando morresse de sono, ainda que ardesse em febre, a chuva ia cair e Deus estando na chuva, e a chuva estando em silêncios, os silêncios não estando nunca... e só vc veria. :) (saiba)
Anonymous Anônimo, at 29/4/06 2:05 PM  
Há tempos a minha educação restringe-se às boas maneiras pertinentes aos seres civilizados.
Aliei-me a diplomacia. Essa sim, não me engana nunca. Não me deixa-a confundir com a vontade de fazer. Ser diplomática lembra-me sempre que eu preciso defender as minhas fronteiras, e só atacar qdo estiver verdadeiramente forte.

melhoras, menina que todos em todas as lojas do centro da cidade sabem o nome...

;*
Anonymous Anônimo, at 29/4/06 7:03 PM  
Hoje eu escutei uma coisa bem interessante.. Não sei se cabe aqui, mas vou reproduzir: "É preciso fingir. Todo mundo finge. É preciso fingir louco mesmo sendo louco.." e por aí vai (minha memória é péssima).

O importante é dizer que é preciso fingir ser forte, mesmo não sendo, é preciso fingir 'ter educação', mesmo não querendo ter. São esses pequenos fingimentos que passam desapercebidos por outras pessoas que nos fazem ter um pouco de equilíbrio interno.
Só assim, fingindo ter uma calma e
diplomacia enormes, poderemos nos reconstruir de grandes baques.

*PS: Desculpa se não me fiz clara.. As palavras estão fugindo de mim hoje. =)
Anonymous Anônimo, at 30/4/06 2:35 AM  
73% do post é ficção e o resto é um mero resto
Anonymous Anônimo, at 2/5/06 6:33 PM  
eu diria 73,37%...

AHUauuhaHUhuAUHhuAHUhAU

mas quem disse que a ficção tbm não é uma realidade? uma realidade paralela. a realidade do que não existe.
Anonymous Anônimo, at 4/5/06 2:01 PM  

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