e até os planos e as promessas haviam sido destruídos pela tediosa rotina. estava naquele dia em que descobre que tudo o que acreditava ser era, na verdade, uma doce ilusão. estava naquele dia do encontro com a realidade, no dia em que vê que o mundo é realmente dos que não esperam nada dele. no dia que se envergonha de toda a sua vida de feia na vitrine, sonhando e desejando. estava nesse dia e viu que tudo que pensava saber na verdade não se aplicava a nada na vida aqui fora. não sabia mais para que lado dar o passo. ter certeza de alguma coisa seria pretensioso demais para aquele dia e ela sabia disso. então resolveu ir ver o homem que passa o dia sentado no banco, ao menos saberia que ele estaria ali. não era grande coisa, mas pelo menos poderia ser chamado de certeza. e realmente, a única certeza agora era a de que ele sempre estaria ali, sentado no banco do ponto de ônibus. ele sim era uma constante, sempre lá, na dúvida se vai ou se fica. mal sabe ela de sua certeza sustentada na dúvida, tão incerto quanto a incerteza. mas tinha certeza, então havia de ir até o banco. avistou o senhor de longe e se sentiu mais uma vez com o controle das coisas. já esboçava um sorriso quando um ônibus parou no ponto e empatou sua visão da certeza. esperou que partisse para novamente encarar o controle de sua vida. foi questão de segundos, mas foi o suficiente para destruir tudo: o banco estava vazio.
livia bluebird, 7:52 PM
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A famigerada "a dúvida é o preço da pureza" de Sartre com o complemento gessingeriano "e é inútil ter certeza".
Sempre gostei também de "sem dúvida, a dúvida é um fato". Acho sonoro.
O redundante - porém verdadeiro - "hoje eu sei: só a mudança é permanente".
Poxa, pensei que tinha algo de maior efeito. hehehe
Enfim, boa noite. Certo é meu sono. Indubitavelmente, vou dormir como e com os anjos. :)